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Saúde Mental: Quando cuidar do outro significa também cuidar de si

  • Foto do escritor: Jota Júnior
    Jota Júnior
  • 24 de nov.
  • 3 min de leitura

Cuidar é um verbo transformador. Quando assumimos o cuidado com alguém — seja uma criança, um adolescente, um familiar ou um colaborador — colocamos em ação nossa empatia, atenção e compromisso. Porém, esse movimento que vai ao outro só pode ser sustentável se houver também um olhar que volta para nós mesmos. Pois, como dizem as pesquisas, a sobrecarga de quem cuida traz riscos reais à própria saúde física, emocional e mental (VAN ROIJ et al., 2021).


O desgaste invisível do cuidador


Quando olhamos para o papel de quem cuida — pais, professores, terapeutas, gestores, líderes — vemos uma dedicação intensa ao outro. Mas menos vezes olhamos para as exigências internas desse papel: vigilância constante, responsabilidade afetiva, muitas vezes ausência de descanso, limites e suporte. Em estudos, a função de cuidador é descrita como “uma experiência de stress crônico” que pode desencadear ansiedade, depressão ou burnout (VAN ROIJ et al. 2021).

E mais: os níveis de autocuidado desse cuidador se reduzem, o que agrava ainda mais o risco. Um estudo recente mostra que “alto grau de sobrecarga do cuidador estava associado a pior autocuidado em geral e nos domínios individuais” (LIMA et al., 2023).


Por que isso importa?


Porque quem cuida, muitas vezes, esquece que também está no cuidado. E se ficarmos sem esse olhar, o que era cuidado vira desgaste — e o outro pode deixar de receber o melhor de nós.

Para você que trabalha com crianças, adolescentes, desenvolvimento emocional infantil, transtornos do neurodesenvolvimento, ou num contexto corporativo de saúde mental, essa questão é vital: nosso papel exige presença, clareza, empatia — mas não à custa de nossa própria sustentabilidade.

Na prática clínica, já vi muitas mães, pais, professores e gestores com disposição, mas sem energia; com amor, mas sem janela de descanso; com competência, mas sem suporte. Isso nos diz que cuidar de si não é luxo — é pré-requisito para cuidar bem do outro.


Como cuidar de si enquanto cuida do outro


Não se trata de se desconectar do outro, mas de integrar o cuidado ao outro e o autocuidado. Aqui vão algumas práticas que podem ajudar:


• Estabeleça limites reais: dedique tempo ao outro, mas reserve tempo para você, sem culpa.

• Atividade física: mexer o corpo não é apenas “bom”, é uma aliança com a mente, clareando estímulos e liberando tensão acumulada.

• Alimentação equilibrada: somos corpo + mente. Nutrientes e hábitos saudáveis alimentam o cuidado que damos — e o que merecemos receber.

• Vida espiritual/propósito: reservar momentos de silêncio, conexão, reflexão sobre sentido, nos sustenta em dias de desafio.

• Pausas e descanso: pequenos intervalos são salvaguardas da autoenergia. Não espere que a exaustão apareça.

• Rede de apoio: cuidado não significa fazer tudo sozinho. Profissionais, colegas, amigos que dividem a vivência reduzem a sobrecarga.

• Autocompaixão: lembre-se — erros, limites, cansaço fazem parte da condição humana. Trate-se com a mesma gentileza que trata o outro.


Um convite à consciência


Se você se reconhece nessa tarefa de cuidar — de filhos, alunos, colaboradores, pacientes — pense: quem cuida de você?

Que essa coluna seja um convite à consciência de que o cuidado que damos ao outro encontra solo fértil quando o solo que sustentamos é cuidado também.

Ao longo das próximas semanas, seguiremos explorando como corpo, mente, relações e contexto contribuem — ou dificultam — esse equilíbrio.

Porque, no fim, cuidar de si não é egoísmo. É o gesto ético que permite que cuidemos bem do outro.


Redação: Veridiana Dranka Prust

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